O desafio das companhias que dependem da Petrobras

 

Fornecedores se beneficiam dos investimentos de US$ 141,8 bi da estatal, mas também padecem das incertezas.

 O que empresas como Weg, Cogumelo, IO2 Tecnologia, Lupatech e Decatron tem em comum? Todas fazem parte de um grupo gigante de empresas nacionais que investem para crescer na onda da Petrobras e abocanhar um naco dos US$ 141,8 bilhões que a maior companhia do país prevê investir até 2016 para a produção e exploração.

Mas essas companhias enfrentam um desafio. Ao mesmo tempo em que podem se beneficiar comum considerável aumento de receita ao ter a petrolífera em sua carteira, podem padecer de uma dependência que as torna extremamente vulneráveis.

Numa situação como a atual, em que a estatal amarga prejuízo, não se pode descartar o adiamento de projetos. E, por consequência, o cancelamento de contratos.

Quando divulgou seu plano de negócios 2012-2016, a Petrobras já fez muito investidor torcer o nariz por ter dado alguns passos atrás nas metas de produção de petróleo.

Mas para a maioria das fornecedoras, até agora, as previsões mais realistas não mudou as metas de negócios. Afinal é exatamente no segmento de P&D que existe a obrigatoriedade de compra de conteúdo local, que pode chegar a 85% para alguns bens e serviços.

“Se a Petrobras prevê dobrar até 2020, nós vamos mais do que dobrar”, afirma Henrique Coutinho, sócio-diretor, da Decatron Automação, empresa que foi criada há 18 anos para atender os setores de petróleo, siderurgia e mineração, e que hoje fatura R$ 70 milhões.

No ano passado, a Petrobras comprou R$ 13,3 bilhões em bens (equipamentos) de empresas locais. O destaque ficou com a área de serviços, em que foram adquiridos R$ 69 bilhões em 2011.

A companhia informou por meio de sua assessoria de imprensa que não tem “dificuldades diferenciadas para contratar empresas nacionais se comparadas às contratações de empresas estrangeiras”.

O que não explica então porque no ano passado foi multada em R$ 29 milhões pela Agência Nacional de Petróleo pelo não cumprimento das metas de conteúdo local estabelecidas em lei.

Enquanto algumas empresas ainda lutam por seu lugar ao sol, há aquelas que já ganharam corpo suficiente para até reduzir a dependência dos contratos com a empresa.

“Temos uma parceria de longo prazo com a Petrobras, metade da nossa empresa trabalha para a companhia. Mas sabemos da necessidade de diversificar. Os planos da Petrobras são agressivos, mas não sabemos o dia de amanhã”, diz Coutinho, da Decatron.

A empresa de automação testa mercados como defesa e telecom, mas ainda mantém 50% da receita vinda da estatal. “A Petrobras não é um cliente é um mercado inteiro. Atendemos em siderurgia gigantes como CSN, Usiminas, Arcelor, mas somadas, ainda não chegam as compras da Petrobras.”

Cogumelo

 A Cogumelo, empresa carioca de materiais compostos, atua há 30 anos com tecnologia de produtos, que substituem o aço na plataforma de petróleo, por exemplo, e há 1,5 ano investiu em uma completa reestruturação para ampliar seus resultados, em linha com as novas demanda do setor de petróleo.

O primeiro impacto, foi ser a ganhadora do prêmio de fornecedores da Petrobras para grandes compras em 2011, mesmo sendo uma companhia de porte médio.

Para transformar o perfil da empresa familiar em uma concorrente internacional, valeu buscar executivos fora do país, trocar 50% da equipe, trabalhar com o modelo de meritocracia da Ambev, e até, recusar novos clientes.

“Seguramos o crescimento no primeiro ano, para abrir a porteira em 2013. E com isso, ganhamos mais exposição na Petrobras”, afirma Márcio Fukuhara, diretor-geral da fabricante.

 07.08.2012
Fonte: Brasil Econômico

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